Ignorância humana, até quando? Até ao dia em que pagarmos pelos nossos erros. Sim, é verdade. Existe no ser humano algo que o impede de fazer mudanças para emendar os erros do passado, continuando irracionalmente obedecendo à sua intrepidez. Digo isto, devido ao que se tem passado no Oceano Árctico recentemente.
Segundo a revista National Geographic (Maio 2009), tem vindo a existir uma permanente ‘’corrida ao petróleo’’ no Árctico por parte dos países que fazem fronteira com o Oceano e não só.
Mas antes de abordarmos esse assunto, primeiro perguntemos: ‘’Como pode haver petróleo nas profundezas do Árctico?’’ Bem, para responder a essa pergunta teremos que recuar milhões de anos atrás, entre o Triásico e o inicio da era Terciária, época em que as bacias do Árctico estavam em plena formação. Neste altura, partes do continente Pangeia estavam a separar-se, gerando gases com efeito estufa que aqueciam o planeta. A paisagem do Árctico nesse passado longínquo era muito diferente do que é agora, tendo um clima quase tropical. Por estas razões, com o movimento das placas tectónicas, foram então criadas jazidas de petróleo e gás, devido à mistura de matéria orgânica com as variantes do tempo e do calor/pressão.
Por isso hoje, calcula-se (pelo menos teoricamente) que no Árctico estejam um quarto das reservas petrolíferas por descobrir (no entanto, estes dados ainda são especulativos). Mas mesmo sendo dados especulativos isso não impede que os países circundantes se mostrem interessados no possível espólio petrolífero.
Como já entendemos a razão de possivelmente existir muito petróleo por descobrir, passemos então à Geopolítica vigente na região. O que acontece é o seguinte: os países que fazem fronteira com a Árctico (Canadá, Dinamarca/Gronelândia, Noruega, Rússia e Estados Unidos) estão deveras interessados na região, devido ao degelo das calotes polares que abriu muitas zonas a céu aberto e que podem ser vantagens na busca por mais petróleo.
Será que este o futuro que queremos este grande Oceano ainda pouco explorado? Um futuro marcado pela acentuação da busca por combustíveis fósseis e pela destruição total do Árctico? Queremos basear nossos recursos económicos em recursos não renováveis e continuar gradualmente despreocupados com a destruição planetária? Mas esta situação já não vem de agora. Já nos anos 70 e 80 começou a existir um interesse relevante pela exploração petrolífera na Sibéria e no Alasca, mas maioritariamente em terra. Porém, com a diminuição das calotes polares (que atingiu o recorde mínimo em 2007 e 2008 no Verão), tem-se voltado a discutir a exploração petrolífera no Árctico, especialmente quando os países começam a gastar milhões na reivindicação dos territórios polares através da exploração marinha, como acontece no Canada.
No entanto, ainda há esperança para o Árctico e isso dependerá da quantidade de petróleo que realmente possa existir, mas se realmente existir petróleo em abundância, então deverá existir em maior parte perto da costa. Contudo, esta busca pelo ‘’ouro negro’’ começará a verter o seu carácter perante um mercado petrolífero globalizado, em que a marcação de fronteiras de exploração por parte dos países nórdicos decidirá quem estabelece as regras ambientais e os direitos marítimos, regulamentando assim a exploração desenfreada.
Outro aspecto interessante provém de um exemplo norueguês – a operadora StatoilHydro, que tenciona canalizar gás pelos gasodutos até duas diferentes localizações, separar o dióxido de carbono do gás natural e despeja-lo no fundo oceânico, fazendo assim uma exploração petrolífera limpa.
Em suma, os projectos petrolíferos no Árctico devem deveras nos alarmar. Numa época da história do planeta, em que atravessamos um grave crise financeira e ambiental, devem então os países ‘’ricos’’ gastar seus recursos financeiros na exploração petrolífera no Árctico, ao invés de apostar no desenvolvimento e proliferação de novos métodos energéticos? É verdade que o Árctico já foi quente no passado devido à evolução oceânica, mas nunca na história do Planeta Terra, existiu uma espécie que se auto-intitula de inteligente que contribui-se ainda mais para um aquecimento global que já extinguiu tantas espécies no passado e continua a fazê-lo hoje em dia.
Seremos inteligentes? Isso depende de nós.
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