Imobilidade tónica

Muitos animais, tais como o tubarão, as cobras, escaravelhos e até as gambás praticam a denominada imobilidade tónica, ou seja, aparentam um estado de morte, ficam temporariamente paralisados, tal qual estivessem inanimados.

As razões para esta morte fictícia advêm de factores que ainda são incógnitos. Existem diversas teorias que tentam solucionar todas as dúvidas. Pensa-se que poderá ser uma acção reflexa, um mecanismo de defesa, ou, no caso dos tubarões, poderá estar relacionado com os métodos de reprodução.

Com o intuito de afastar predadores (mecanismo de defesa) o animal pratica a, cientificamente chamada, Tanatose, por outras palavras, finge-se de morto.

Geralmente o animal exibe o ventre, permanece estático (normalmente para repelir predadores orientados pelo movimento). Exemplar por esta capacidade é a gambá  que para além de exibir todas estas habilidades anteriormente referidas, também consegue imanar um mau cheiro, afastando assim os predadores.

Predador Incompreendido?

De todos os animais supracitados, o único que se insere na classe dos predadores mais mortíferos, é o tubarão, animal que não necessita desta técnica para afastar predadores visto ser ele um predador. Contudo até neste animal se comprova o fenómeno que dá nome a este artigo.

Estima-se que os tubarões existem há cerca de 450 milhões de anos e não tem sido alvo de grandes alterações na sua morfologia o que demonstra uma grande capacidade de adaptação. Estes “monstros” do mar são um importante elemento no ecossistema que habitam, pois asseguram o seu equilíbrio.

Não se trata de um truque de magia nem tão pouco de uma montagem, mas é a representação mais fascinante do fenómeno Imobilidade Tónica. Estes grandes predadores, temidos um pouco por todo o mundo, parecem simples “marionetas”, assemelhando-se a cães dóceis e amestrados. Como demonstrado na experiência no vídeo acima os tubarões preferem ser massajados e induzidos na imobilidade tónica do que ter comida de forma fácil o que pode comprovar de certa forma que a imobilidade tónica cria um laço de confiança entre o animal e o homem.

Por uma razão ou por outra a verdade é que este fenómeno ainda é inexplicável. Pode-se no entanto comprovar que este comportamento animal, por muito chocante que possa parecer, tem algo de belo, de diferente, de surpreendente sendo assim mais um mistério do mundo animal. Experiências realizadas com tubarões comprovaram que as técnicas mais eficientes de imobilidade tónica realizadas neste animal são a base de massagens em certos pontos do corpo mais precisamente no focinho, outro estudo com tubarões mais pequenos também resultou numa imobilidade tónica simplesmente virando o tubarão de barriga para cima. Dr.Samuel H. Gruber explica o porquê segundo sua teoria: “quando se vira um tubarão ao contrário, é uma posição estranha, uma posição em que o tubarão nunca está, entrando em imobilidade tónica isto porque sua visão está revertida tanto como a sua própria sensação de gravidade fazendo o cérebro segregar serotonina sendo isto relacionado com o fenómeno da imobilidade tónica”.

Deveras, o êxtase proveniente das maravilhas prescrustadas na Natureza nos levam a meditar um pouco na nossa posição nos ecossitemas, e como todas as outras espécies se enquadram belamente para formar um todo coordenado. Ao longo dos bilhões de anos que a vida se desenvolveu e evoluiu neste planeta foram criadas relações únicas entre cada sistema biológico, sendo uma delas a relação predador-presa, tendo como consequência o caso específico de imobilidade tónica que certos animais demonstram capacitar. Também, tal como no caso dos tubarões, a imolidade tónica mostra-nos o outro lado destes temíveis predadores, que ‘’viram’’ os dinossauros aparecer e desaparecer, sendo, portanto um exemplo exímio de força e sobrevivência, mas que, no entanto, são passíveis de nos revelar uma ternura um tanto subtil. Deste modo, é um ponto vital continuar a observar os aspectos únicos do mundo natural que já existem à várias eras, bem antes do aparecimento da civilização humana. É também fulcral procurar manter estas relações únicas da Natureza por manter uma preocupação cuidada quanto ao desenvolvimento do sociedade e a forma como esse desenvolvimento afectará os ecossistemas e, consequentemente, as relações biológicas neles existentes. É deveras importante cuidar dos ecossistemas, tanto para o nosso êxtase, como para o bem-estar de todas as outras espécies com quem co-habitámos a Terra.